Segundo Botelho (2005),
“ (…) todos os avanços e desenvolvimentos científicos e tecnológicos constituem
mudanças significativas na sociedade, trazendo consigo aspetos positivos e
negativos (…) ”.
As TIC, tecnologias de
informação e comunicação, são um dos frutos do avanço da tecnologia, e podem
ser utilizadas em diversos setores, como na publicidade e na educação, através
da difusão de informação e como meio de comunicação, nomeadamente através de
computadores, televisão, rádio, tablets,
etc.
A nível da educação, as
TIC podem ser utilizadas no processo de ensino-aprendizagem e no ensino à
distância. Podem ser utilizadas no ensino-aprendizagem através da utilização de
diversas ferramentas, como as plataformas de gestão da
aprendizagem, nomeadamente a moodle,
nas quais se partilham, por exemplo, textos e fichas, que “ (…) permitem o
alargamento do espaço e tempo de aprendizagem para além da tradicional sala de
aula (…) ” (Paz, 2008). Estas plataformas englobam, muitas vezes, fóruns e chats que servem como meio de
comunicação e partilha de ideias.
A partilha de ideias é essencial, no
processo de ensino-aprendizagem, e há inúmeras escolas que aderiram aos blogues.
Segundo Paz (2008), os blogues reforçam o trabalho entre pares, baseando-se
numa partilha de ideias e de recursos, dos vários intervenientes. A utilização
das TIC inicia-se bem cedo na escola, no entanto, mobiliza as famílias,
aproximando-as dos professores, existindo desta forma um trabalho conjunto na
educação das crianças.
O ensino-aprendizagem
do português também pode beneficiar da utilização das TIC, na escola. Por
exemplo, numa sala de aula, do ensino básico no 5º ou 6º ano, o professor de
português pode propor uma aula de produção escrita num processador de texto, como
o word, com o objetivo dos alunos
desenvolverem competências a nível da língua portuguesa, e das TIC, através da
utilização de um processador de texto, para a produção de um texto escrito.
Nesta aula, poder-se-ão trabalhar diversos conteúdos como os parágrafos,
nomeadamente a indentação (colocar o espaçamento inicial), além da utilização
dos comandos não-alfabéticos do teclado, como os sinais de pontuação e os
comandos acionados pelo rato.
A utilização das TIC,
em sala de aula, tem as suas potencialidades. Segundo Fidalgo (2009), as TIC
levam a uma diversidade de estratégias, a nível do ensino, envolvendo os alunos
numa aprendizagem construtiva, ou seja, os alunos tornam-se coprodutores no
sistema de ensino, através de interações centralizadas na construção do seu
próprio saber.
Dias de Figueiredo
(2000) defende que:
O maior desafio dos novos media é (…) o de construir comunidades ricas em contexto, onde a aprendizagem individual e coletiva se constrói e onde os aprendentes assumem a responsabilidade, não só da construção dos seus próprios saberes, mas também da construção de espaços de pertença onde a aprendizagem coletiva tem lugar.
Através das TIC, os alunos podem ter acesso a jogos
didáticos que promovem a aprendizagem do português, tal como podem aceder a
dicionários e gramáticas on-line, que se podem consultar rapidamente, através
do telemóvel ou de um tablet.
No entanto, apesar de existirem grandes
potencialidades na utilização das TIC, em sala de aula, também existem
restrições em utilizá-las. Existem professores que resistem em utilizar as TIC
nas suas aulas, dado que não as consideram essenciais para o processo de
ensino-aprendizagem. Para esta questão também contribui o facto destes
professores serem de uma faixa etária mais avançada e, por este motivo, não
terem tido contacto com as TIC na sua formação base, como futuros agentes
educativos.
Paz (2008) defende que “ (…) nem todas as novas
práticas de (auto -) aprendizagem a partir das novas tecnologias são (…) boas.
Há «velhas» competências que fazem muita falta (…) como a capacidade de
interpretar, e refletir sobre, a informação.”
Um dos perigos de utilizar as novas tecnologias, no
processo de ensino-aprendizagem, é a geração de uma discussão, relacionada com
problemas éticos, nomeadamente quando os alunos realizam trabalhos baseados no
“copiar” e “colar” de informação, da qual não são os seus próprios autores, ou
seja, os discentes não pesquisam informação, para construir o seu próprio
conhecimento, acabando por denotar uma grande falta de valores morais, ao
plagiarem trabalhos realizados por outros.
Desta forma, conclui-se de que existem aspetos
positivos e negativos na utilização das TIC, em sala de aula. O professor tem
de estar aberto a trabalhar com as novas tecnologias, permitindo aos seus
discentes uma aprendizagem mais interativa, que os leve a construírem os seus
conhecimentos de uma forma mais autónoma. Por outro lado, tem de continuar a
existir espaço para as crianças poderem refletir sobre os conhecimentos
adquiridos, de forma a melhor interiorizá-los.
Fidalgo (2009) defende que:
A democratização das TIC passa essencialmente pela aquisição de
competências que permitam a utilização eficaz daquelas e que incorporem o
processo de aquisição de conhecimentos como um percurso que vai além das salas
de aula e cuja duração é a de uma vida.
É essencial que se compreenda que os professores
devem acompanhar a evolução, utilizando as novas tecnologias na sala de aula,
mas não é a utilização das mesmas, que faz um bom professor. Tal como é
referido por Paz (2008), “As novas tecnologias não são a pedra filosofal para o
sucesso educativo”.
Autora:
Ana Cristina Mota
Referências
Bibliográficas
·
Botelho,
F. (2005). Globalização e cidadania: reflexões soltas
·
Dias
de Figueiredo, A. (2000). Novos Media e Nova Aprendizagem
·
Fidalgo,
P. (2009). O Ensino e as Tecnologias da Informação e Comunicação
·
Paz, J. (2008). Educação e Novas
Tecnologias